Saiba quais são os bairros e horários com maior índice de roubos de carros em Porto Alegre

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03/01/2016 / Fonte: Zero Hora | Foto: Arivaldo Chaves/Agencia RBS

 

ZH apresenta mapa de ataques a motoristas, latrocínios e homicídios para que a população possa conhecer regiões de maior risco e tentar se precaver. Rotas de fuga e concentração comercial colocam áreas no ranking

Ser uma potencial vítima de roubo de carro é um risco já incorporado à rotina dos gaúchos com o aumento dos casos a cada dia. Em Porto Alegre, a ação de ladrões de automóveis em 2014 e 2015 fez com que oito bairros se repetissem no ranking daqueles onde mais ocorrem ataques desse tipo. São locais em que há mais chance de o cidadão ser vítima e que representam um quarto dos registros. Rubem Berta, Sarandi e Petrópolis estão na liderança. Só neste ano, até outubro, foram 8.075 casos (950 a mais do que em todo ano de 2014).

E morrer em uma dessas ocorrências também é uma ameaça real: neste ano, quase metade dos latrocínios (roubo com morte) na Capital envolveram o ataque a veículos.

Zero Hora apresenta um mapa da violência na Capital, com roubo de carros por bairros, levando em conta dados da segurança pública, de 2014 até outubro deste ano. Também estão destacadas ocorrências de latrocínio e de homicídios por regiões da Capital, com números até setembro. Conhecer índices de violência por bairro e detalhes de como atuam os criminosos é uma ferramenta que pode servir para o cidadão se precaver.

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Porto-alegrenses, atenção. Na Capital, os bandidos que roubam carros atuam preferencialmente nas terças, quartas e quintas-feiras. O horário de maior perigo é entre 18h e meia-noite (com 49% dos casos). Do meio-dia às 18h ocorrem 25% dos registros. Além dos três bairros que lideram o ranking, outros cinco se repetiram na listagem dos últimos dois anos: Jardim Itú-Sabará, Vila Ipiranga, Medianeira, Teresópolis e Menino Deus.

Porto-alegrenses, atenção. Na Capital, os bandidos que roubam carros atuam preferencialmente nas terças, quartas e quintas-feiras. O horário de maior perigo é entre 18h e meia-noite (com 49% dos casos). Do meio-dia às 18h ocorrem 25% dos registros. Além dos três bairros que lideram o ranking, outros cinco se repetiram na listagem dos últimos dois anos: Jardim Itú-Sabará, Vila Ipiranga, Medianeira, Teresópolis e Menino Deus.

Mas o que coloca essas regiões de Porto Alegre na mira dos bandidos? Duas características principais, segundo a Polícia Civil: algumas, como Rubem Berta e Sarandi, por serem rotas de fuga facilitadas para cidades da Região Metropolitana. Outras, como Petrópolis, Teresópolis e Meninos Deus, pela concentração de comércio e centros profissionais de rua, grande movimentação de pessoas e de veículos e dificuldade de estacionamento, o que deixa os motoristas expostos.

O cidadão está à mercê de quadrilhas especializadas, que saem em busca de determinados modelos de carros. E também de criminosos que querem só valores (dinheiro, celular, itens que estejam no interior do veículo) e não exatamente o carro, mas que acabam agindo pela oportunidade de atacar um motorista.

Foi o que ocorreu há uma semana com a universitária Dóris Terra Silva, morta a facadas depois de ser abordada no estacionamento de um supermercado por um ladrão comum, em São Francisco de Paula, cidade com apenas seis casos de roubo de veículos registrados até setembro. O criminoso Luis Paulo da Silva Nunes confessou que não queria o carro, mas sim dinheiro.

O risco de que um roubo de veículo se transforme em latrocínio é o que faz desse tipo de ataque um dos que mais atemorizam a população. E os crimes seguem em alta. Na Capital, conforme apurou ZH, comparando janeiro a outubro deste ano com igual período de 2014, o crescimento do roubo de carros foi de 36,5%.

Não é fácil, mas o cidadão pode adotar medidas para tentar se precaver dos ladrões de carros. O delegado Luciano Peringer, da Delegacia de Roubos de Veículos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), conhece as fragilidades dos motoristas pelos relatos dos próprios criminosos.

— Eles estão à espreita e cuidam os motoristas distraídos, que demoram a sair do carro, que ficam tirando compras ou conversando, ou aqueles que mexem no celular. Pessoas distraídas com o celular ou o GPS são muito comuns atualmente. Eles contam que, às vezes, dão uma ou duas voltas numa quadra e determinado motorista segue ali, distraído — diz o delegado.

Também é bom saber um pouco sobre como agem e quem são os bandidos. Os criminosos hoje, alerta Peringer, são pessoas bem-vestidas e, normalmente, estão agindo em grupo, com apoio de outro veículo. Eles circulam de carro em busca da vítima. E quem fará o ataque só desce depois de observar bem as condições do local e do alvo. Outra preocupação da polícia, em tempos de redes sociais, é a exposição das vítimas depois do roubo.

— A pessoa pode divulgar no Facebook ou Twitter que o carro foi roubado, dar características, mas tem de cuidar para não se expor demais, não dar muitos detalhes pessoais ou demonstrar muito desespero em recuperar o bem. Isso atrai aproveitadores, e a pessoa pode se tornar vítima pela segunda vez — pondera o delegado.

Sobre o combate ao roubo de carros, Peringer explica que os casos são monitorados por regiões. Incidência de veículos recuperados em determinadas áreas dão pistas sobre quadrilhas e muitos criminosos acabam presos quando retornam para buscar o carro roubado que havia sido deixado estacionado por um tempo. Outra expectativa para a redução de índices de roubo de carros é a aplicação da nova lei de desmanches, recém-aprovada e ainda em fase de regulamentação. A regra traz facilidades para o trabalho de fiscalização de desmanches e de destruição de peças com origem suspeita.

Latrocínios ligados a roubo de carro dobram

A análise de casos de latrocínio (roubo com morte) confirma o risco ao qual o cidadão está exposto diante da ação dos ladrões de carros. Na Capital, levantamento feito por Zero Hora mostra que, em 2015, os latrocínios decorrentes de roubos de carros dobraram em relação ao ano anterior. Até setembro, foram 12 casos contra seis registrados em todo o 2014. O número deste ano representa quase metade do total registrado.

Dados da Secretaria de Segurança Pública indicam que os latrocínios aumentaram 3,9% no Estado em relação aos primeiros nove meses do ano passado. Nesse total, 33% dos crimes estão relacionados a roubos de veículos, seguidos por 24% em via pública, 23% em residência e 20% em estabelecimentos comerciais. Em números absolutos, a Capital ocupa a liderança no ranking estadual de latrocínios, mas na proporção por 100 mil habitantes passa para a 37ª posição, conforme a Polícia Civil. Em termos regionais, Porto Alegre não apresenta concentração de crimes de latrocínio.

Para o delegado Cleber Ferreira, diretor da Delegacia Regional de Porto Alegre, não há um padrão de episódios na Capital. São casos “dispersos”. Sobre a atuação dos ladrões, estudo dos órgãos de segurança indica que ocorrem mais latrocínios, no Rio Grande do Sul, nas quartas e sextas-feiras e que 50% dos casos são no período entre 18h e 23h.

O instrumento mais usado é a arma de fogo (70%). Armas brancas, como faca, estão presentes em 18% dos crimes. A faixa etária dos autores está entre 19 e 30 anos, sendo que muitos agem sob o efeito de substância psicoativas. O resultado de investigações também mostra que, na maior parte dos casos, as vítimas tentaram reagir ou deram a impressão de que pretendiam fazer isso.

— Muitas vezes, a pessoa se assusta e, em um reflexo, dá essa impressão. É preciso evitar ao máximo qualquer reação — diz o delegado.

Conforme a Polícia Civil, neste ano o índice de esclarecimento de casos está em 45%.

Homicídios em áreas de tráfico

Porto Alegre foi cenário, em 2015, de execuções em ruas movimentadas, em plena luz do dia, e de crimes decorrentes de homicídios e da guerra do tráfico, como a queima de 12 coletivos — 10 ônibus e dois lotações. Levantamento de Zero Hora a partir de dados oficiais de órgãos da segurança mostra que até setembro, Rubem Berta, Restinga e Sarandi estavam no topo do ranking de bairros com mais mortes.

Em quarto lugar, despontava até aquele mês o bairro Santa Tereza, onde ocorreu a maior quantidade de ataques a coletivos do ano, motivando a interrupção dos serviços de transporte público e o fechamento do posto de saúde da Vila dos Comerciários — conhecido como postão da Cruzeiro — em mais de uma ocasião.

Análise feita pela reportagem, com dados de 2014 até setembro deste ano, mostra que, no período, houve 1.054 homicídios na Capital e oito bairros se repetem no ranking dos que têm mais mortes: Rubem Berta, Restinga, Santa Tereza, Protásio Alves, Sarandi, Lomba do Pinheiro, Mário Quintana e Cascata. Conforme dados da Segurança, os homicídios tiveram aumento de 3,5% nos nove primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.

— A grande maioria dos homicídios tem relação com o tráfico de drogas, e esses bairros são zonas conflagradas pelo tráfico. Também a grande maioria das vítimas é formada por pessoas com extensa ficha criminal, com passagem pelo sistema prisional. Muitas são executadas com requintes de crueldade, com 20, 30 tiros, para demonstrar o poderio de fogo dos traficantes — comenta o delegado Carlo Butarelli, diretor da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa